Onboarding eficaz: como reter talentos desde o primeiro dia
Todo mundo já viveu o frio na barriga do primeiro dia em um novo emprego. É um misto de empolgação com insegurança, vontade de acertar e mil perguntas na cabeça. Agora imagine quando esse momento é acolhido por uma experiência bem pensada, que mostra desde o início que a pessoa fez a escolha certa. É isso que um bom processo de onboarding é capaz de fazer.
Para o RH, o onboarding é uma das ferramentas mais poderosas para garantir retenção de talentos, engajamento e alinhamento com a cultura da empresa. Neste artigo, vamos conversar sobre como transformar essa etapa inicial em uma jornada realmente significativa — e não apenas mais uma formalidade.
Onboarding: muito além do “seja bem-vindo”
Agora imagine como tudo teria sido diferente com um onboarding bem estruturado, humano e leve. | Imagem: Shutterstock |
Receber bem alguém não é só sorrir no primeiro dia ou entregar um kit bonito (apesar de isso também contar!). É construir uma ponte entre o que a pessoa espera e o que ela vai encontrar. É dar contexto, ouvir, mostrar o caminho e estar presente.
E por que isso importa tanto? Pesquisas mostram que um bom onboarding pode aumentar em até 82% a retenção de novos talentos e acelerar em 70% a produtividade. Em outras palavras, o tempo e a energia investidos nessa fase voltam como resultados concretos para a empresa — e, principalmente, para as pessoas.
Erros que afastam em vez de aproximar
Alguns deslizes podem transformar o onboarding em um obstáculo, em vez de uma porta de entrada. Entre os mais comuns:
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Centralizar tudo na parte burocrática, sem abrir espaço para o lado humano da integração;
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Não ter um roteiro claro, o que deixa o processo inconsistente e improvisado;
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Deixar o novo colaborador “solto”, sem um ponto de apoio nos primeiros dias;
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Não acompanhar como a pessoa está se sentindo ao longo do tempo.
A boa notícia? Com planejamento e empatia, dá pra evitar tudo isso.
Como criar uma jornada de onboarding memorável em 5 etapas
Cada pessoa é única, mas o cuidado na chegada pode (e deve) ser padronizado. Aqui está um passo a passo que pode ajudar o RH a construir uma experiência realmente completa:
1. Pré-onboarding: o vínculo começa antes do crachá
O encantamento pode começar assim que a proposta é aceita. Um e-mail caloroso, um vídeo de boas-vindas ou um “olá” no WhatsApp do futuro gestor fazem toda a diferença.
Outras ações simples que ajudam:
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Compartilhar um cronograma com o que esperar nos primeiros dias;
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Garantir que equipamentos e acessos estejam prontos;
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Apresentar brevemente quem fará parte do dia a dia.
Tudo isso mostra que a pessoa já é importante, mesmo antes de chegar.
2. Primeiro dia: acolher, não sobrecarregar
O primeiro dia precisa ser leve. Não é hora de jogar todas as informações de uma vez, mas sim de fazer com que a pessoa se sinta parte de algo especial.
Algumas ideias:
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Um café da manhã com o time (mesmo que virtual);
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Uma conversa informal com o gestor, sem pauta rígida;
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Um tour pela empresa — físico ou virtual — mostrando os espaços e as pessoas.
Esse é o momento de criar conexão.
3. Primeira semana: dar clareza sobre o presente e o futuro
Nos primeiros dias, a palavra-chave é clareza. Onde estou? Com quem posso contar? O que esperam de mim?
O RH pode:
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Agendar encontros com as principais áreas que a pessoa vai interagir;
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Apresentar os valores e o jeito de ser da empresa na prática;
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Mostrar quais ferramentas serão usadas no dia a dia e como acessá-las.
Quanto mais transparente for o processo, mais tranquila será a adaptação.
4. Primeiro mês: acompanhar de perto, ouvir de verdade
Depois da empolgação inicial, começam as dúvidas reais. É aqui que o RH e os gestores devem estar atentos e disponíveis.
Ações importantes:
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Fazer check-ins semanais com perguntas abertas, sem formalismo;
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Estimular o feedback dos dois lados — inclusive sobre o próprio onboarding;
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Reforçar que erros fazem parte do aprendizado e que está tudo bem pedir ajuda.
A escuta ativa faz a pessoa se sentir segura e valorizada.
5. Até o fim do terceiro mês: consolidar, reconhecer e seguir juntos
Ao longo dos primeiros 90 dias, é possível perceber se a integração aconteceu de fato. Nesse momento, vale:
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Realizar uma conversa mais estruturada sobre expectativas, desafios e próximos passos;
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Validar se os combinados foram cumpridos e se o novo colaborador se sente parte do time;
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Coletar feedbacks que ajudem a evoluir o processo para os próximos onboardings.
Mais do que marcar um “fim” no onboarding, esse momento deve ser um marco de continuidade.
Ferramentas que podem tornar tudo mais fluido
Com tantas etapas, contar com tecnologia é um grande aliado. Algumas sugestões que funcionam bem:
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Plataformas de gestão de pessoas para estruturar trilhas e automações;
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Softwares de comunicação interna que ajudem a dar visibilidade ao processo;
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Formulários e pesquisas rápidas para medir a experiência ao longo da jornada.
Mas vale lembrar: ferramenta ajuda, mas não substitui o cuidado humano.
Onboarding não é uma tarefa, é um compromisso
No fim das contas, onboarding é sobre pessoas cuidando de pessoas. É ter empatia, se colocar no lugar do outro e lembrar que cada nova contratação é uma escolha mútua — e que merece ser celebrada com atenção e respeito.
Se o RH conseguir construir essa jornada com carinho e intenção, o resultado será mais do que uma boa adaptação. Será um time mais conectado, engajado e com vontade de fazer parte da história da empresa.